Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo, 

 

   Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo, 
   
Vejo ninfas e faunos entremear 
   
As árvores que fazem sombra ou medo 
   
E os ramos que sussurram de eu olhar. 

 

Mas que foi que passou? Ninguém o sabe. 
Desperto, e ouço bater o coração - 
Aquele coração em que não cabe 
O que fica da perda da ilusão.

 

Eu quem sou, que não sou meu coração? 

 

 

 Poesias Inéditas

 

Fernando Pessoa    

 

 

 

 

 

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